quarta-feira, 8 de junho de 2011

Para “implantar” a RSE é preciso muito foco!

É muito fácil confundir uma gerência de responsabilidade social ou de sustentabilidade com o “sindicato” ou o ombudsman de uma empresa. Para uma empresa que nunca tocou formalmente no assunto, a criação de uma área dedicada tende a abrir a torneira de uma série de queixas e reivindicações que, como não existia nenhum canal para veiculá-las, até então ficavam represadas. As propostas de criação de comissões de empregados para negociar salários, as queixas sobre assédio moral e/ou sexual, as discussões sobre condições de trabalho e saúde, os pedidos por uma gestão mais participativa, a cobrança por mais integração e interação entre as diversas áreas de uma empresa ou entre empresas de um mesmo grupo, etc. Tudo surge de repente e é encaminhado para essa nova área executiva. Não me oponho a esse encaminhamento, mas normalmente cobro por um mínimo de bom senso, coerência e, sobretudo foco no tratamento desses assuntos.

Primeiro, no meu ponto de vista uma área de RSE e Sustentabilidade tem um função muito mais estrutural e voltada para o futuro, do que de ser o bombeiro ou band-aid das situações do passado e/ou presente. Isso não quer dizer que os problemas identificados não merecem a nossa atenção. O que eu quero dizer é que a área de RSE tem de focar muito mais na criação soluções que impeçam o problema de surgir outra vez, do que na solução do problema. E isso é difícil, pois em alguns momentos temos de, conscientemente, fazer de surdos a pedidos de ajuda que dificilmente podemos recusar. Como eu costumo dizer para a minha equipe, os nossos objetivos são a longo prazo e não podemos nos distrair. Para atingi-los precisamos de muita disciplina, consistência e foco. O resultado da nossa atuação – se for boa – só será visível daqui a uns três ou quatro anos.

A outra necessidade é bom-senso e coerência. Muitos dos “problemas” que chegam às áreas de RSE não são específicos à área. Como o tema é abrangente – tudo é RSE – então acabamos por não fazer o esforço de separar o joio do trigo. Problemas relacionados com comunicação interna devem ser resolvidos pela área de comunicação. Problemas relacionados com gestão de pessoas devem ser encaminhados pelo RH. Queixas de clientes devem ser tratadas pela área de negócios que gere o produto que originou a queixa. E assim de seguida. Parece simples, não é? Sem essa clara divisão de papeis a gestão dos temas se torna confusa, os resultados difíceis de mensurar e os láureos difíceis de atribuir. Quem faz ou fez o que?

E isso me leva a um ultimo ponto. A área de RSE – como as demais áreas de uma empresa ou grupo empresarial – deve ter objetivos, metas e períodos para implantação claramente identificados e estabelecidos. E da mesma forma, a RSE deve ser remunerada/premiada em consequência. Sem isso é difícil ter foco.

2 comentários:

  1. David, David... você sempre voltando ao ponto da coerência... Não percebeu ainda que isso não é compatível com os seres humanos?

    Agora quer coerência e foco?

    hahaha.

    Boa sorte.

    Sandra.

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  2. Ahh mas no dia em que eu deixar de falar nessa falácia chamada coerência me terei tornado incoerente ;)

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