quarta-feira, 4 de maio de 2011

O mundo em que vivemos...

É impossível viver alienado do que acontece ao nosso redor. Há uns dias atrás eu quase escrevi sobre a o casamento lá do príncipe e da plebeia. Na realidade eu até queria evitar o assunto pelo tema me parecer tão inócuo. Só que o ruído mediático foi crescente até chegar ao dia do casamento que ficou difícil não comentar o assunto. Mas “felizmente” a morte do terrorista mais procurado do mundo me poupou o esforço de escrever, em pleno século 21, sobre reis e rainhas, plebeias e princesos, num mundo onde uma criança morre de fome a cada cinco segundos.

E saímos de uma loucura para entrar em outra. De repente o mundo ocidental e civilizado encheu-se de orgulho enquanto festejava o assassinato com um tiro na cabeça – coisa de videogame – de um homem que hoje se sabe que estava desarmado, invés de levá-lo a julgamento pelos crimes que orquestrou. Sim, o mundo inteiro quase sem exceção se congratula pela grande vitória sobre o terrorismo, encabeçada pela hegemonia moralizadora e cheia de valores universais da democracia norte-americana. Os mesmo senhores da moral que quase crucificaram a Janet Jackson por ter mostrado o seio/mamilo durante uma performance artística, hoje aplaudem de pé a morte de um homem.

Aqui e ali, nas redes sociais, surgiram umas poucas mensagens de bom senso, que depressa foram ou serão descritas como burrice, pacifismo ignorante, inocência inconsequente, comunismo exacerbado, esquerda patética, etc, etc. Surgiu até uma citação que, embora erroneamente atribuída ao reverendo Martin Luther King, concretizava a ideia que a violência gera violência, o ódio gera ódio.

Gente, só para que não haja dúvida quanto à minha opinião, eu acho que o mundo ficou melhor sem o Osama. Ou pelo menos, “menos pior”, se é que me entendem. O homem planejou friamente o assassinato de milhares de pessoas que nada tinham a ver com a sua cruzada. Não se tratou de mortes no meio de uma guerra, durante uma batalha. Por mais que não concorde com o conceito, aceito a ideia que militares se matem num campo de batalha, desde que sejam adultos e tenham escolhido livremente e com conhecimento de causa essa profissão.

Mas mesmo assim, não deixo de ficar atordoado com a falta de noção do ser humano, o total descontrole na sua gestão de prioridades em prol da humanidade. Uma sociedade para quem um casamento real é “a coisa mais importante deste século”, para quem o assassinato de um homem é motivo para celebração como quem celebra a vitoria do seu time de futebol, para quem – quem não viu as fotos com Obama 1 Osama 0? Quando nos tornamos tão anestesiados para a loucura ambiente?

Como eu coloquei nas minhas redes sociais: A caixa preta do desastre da Air France foi encontrada, Osama Bin Laden morreu, crianças ainda morrem de fome. E agora o esporte.

O meu problema é que já nem consigo ser cínico com isso tudo. Este é o mundo onde vai crescer e viver o meu filho, uma pessoa cuja existência é resultado da minha decisão consciente e egoísta. Ele não escolheu estar aqui e agora vai ter que lidar com o mundo nesse estado.

Calma, calma. Não estou deprimido... ainda. Um tio meu costumava dizer que um pessimista é um otimista prevenido. É essa a idéia!

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