quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Programa pro equidade de gênero

O Grupo PAR (onde trabalho) aderiu ao Programa Empresa Cidadã, do Ministério da Fazenda. Para quem não sabe, de forma simplificada, esse programa permite que as empresas deem seis meses de licença maternidade para as suas empregadas, em troca de incentivos fiscais. Lembro que na lei, a licença é de apenas quatro meses.

A adesão a esse programa foi um passo importante porque o grupo é composto de 70% de mulheres, na maioria em idade de ter filhos. A adesão ao programa levantou internamente outra bola, a da adesão ao Programa Pró-equidade de Gênero (PPG) da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da Republica.

Este dois assuntos correlatos lembraram-me o post sobre a necessidade de coerência. A adesão ao PPG é muito mais complexa e completa do que a maioria das empresas parece pensar. Não se trata de uma certificação que dá para conseguir com meia dúzia de mudanças cosméticas. Os indicadores exigidos só são conseguidos com mudanças culturais e estruturais mais profundas. Para obtenção do selo a avaliação acontece durante 12 meses e a empresa tem de realizar com sucesso pelo menos 70% das ações do roteiro. A maior parte das ações visam dar transparência dos tratamentos dados em processos susceptíveis de haver discriminação de gênero – recrutamento, seleção, carreira, salário, benefícios – ao mesmo tempo que provocam a discussão interna sobre a coerência do posicionamento da empresa sobre o mesmo assunto.

Pessoalmente, nunca trabalhei em empresas que não tivesse nenhum tipo de discriminação em relação a gênero, sexo, raça ou similares. O pior é que na maior parte das vezes nem nos damos conta do que é realmente discriminação (vide o post sobre os profetas).

Vai ser um caminho árduo, mas necessário. Pelo menos o Grupo já mostrou a intenção. Se vamos chegar lá sem atritos, já é outra história. A discussão do tema é irremediável numa estrutura com maioria de mulheres e no entanto tão poucas em cargos gerenciais. É verdade que todos – mulheres e homens – dizem que não existe sexismo no tratamento do assunto, que apenas deixamos o mercado resolver o assunto. Pois então o mercado está errado. Ele é sexista, racista e mais outros istas que não vou citar aqui. Dada essa situação, cabe às empresas responsáveis – como acredito ser a nossa – fazer a sua parte para corrigir as anomalias. Simples assim.

Como eu costumo dizer, não vai ser fácil. Nunca ninguém disse que seria fácil. É só perguntar às mulheres. Muitas delas até me dizem que não querem ser promovidas por serem mulheres mas sim por serem competentes. Concordo. Até atingirmos esse grau de evolução humana teremos que nos contentar com políticas positivas como esta.

Abraços.

Fui!

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