quinta-feira, 13 de maio de 2010

O caminho pela frente...

Pois é pessoal. Hoje é quinta-feira, 13/05, são 9:10 da manhã e estou escrevendo diretamente do penúltimo dia da conferência internacional do Ethos. O tema da conferencia este ano é “O Mundo sob nova direção”.

E o que retiro de importante até agora?
 
Infelizmente muito pouca coisa. A sensação de deja vu é grande. Fiquei com a impressão de encontrar as mesmas pessoas, ouvir as mesmas discussões, ver as mesmas inovações na mostra de tecnologias sustentáveis, etc, etc. Participei de uma discussão sobre as empresas e os relatórios não-financeiros onde não se disse nada de novo. Pior do que isso, senti que os relatórios estão a tornar-se “produto final” invés de serem um instrumento de mudanças estruturais. E isso mais uma vez me assusta. O que mais senti falta, e na verdade sempre sinto falta nestes encontros, é de coisas práticas, implementáveis, com efeito a curto, médio ou mesmo longo prazo, no nosso universo empresarial. Porque é disso que se trata, não é? Todo o propósito da RSE foca mudanças estruturais (duradouras) que mudem – positivamente/inclusivamente – a forma como as empresas se relacionam com o mundo onde agem, alargando o seu escopo de “agregar valor para os acionistas” para “agregar valor para todas as partes interessadas”, não é? Pelo menos é essa a minha leitura. E disso encontrei pouco na conferencia.

Longe de mim a intenção de questionar a legitimidade ou validade da carta da terra. É um documento inspirador e servirá como guia, espero, por várias décadas. Mas sinto que por uma questão de praticidade precisamos focar o trabalho local. Think global and act local, dizem. E para mim faz sentido pois sabemos que as mudanças pequenas, locais, desde que solidamente estruturais, têm um efeito em tudo o resto. Se sou coerente com as minhas crenças (quaisquer crenças) em casa, influencio o meu circulo de relacionamentos, o meu filho vai levar isso para a escola, influenciar os seus amigos, falar com os professores etc. A mesma coisa acontece no universo corporativo. Não queremos que as empresas onde trabalhamos gastem mais dinheiro em filantropia ou similares. Embora ache que é seu dever partilhar (e não devolver) com a sociedade os seus ganhos (pensado na sua própria sustentabilidade futura), prefiro mil vezes trabalhar o nosso publico interno, consistentemente e com coerência. Pela minha experiência com gerenciamento de projetos, tento sempre dividir um grande problema muito difícil de solucionar em vários pequenos problemas mais fáceis de resolver. É o que entendo como visão sistêmica das coisas. Como a teoria dos dominós. Quando um cai, a tendência é os outros seguirem.

Mas calma. Não se deixem dominar pela minha visão pessimista. Tenho sempre muita esperança e confiança no ser humano e no futuro. O meu tio dizia que “um pessimista é um otimista prevenido!”. Ou seja, sou muito otimista ;)

Comentei ontem ao almoço que normalmente saímos com 2 sentimentos destes encontros:

· Deprimidos com o caminho que está pela frente e o tamanho das montanhas que ainda temos que escalar

· Contentes ao ver que a quantidade de pessoas que partilham da caminhada tem aumentado. Devagar, mas com consistência.

É isso. Juntem-se ao trem da mudança!

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