segunda-feira, 26 de abril de 2010

50 anos de Brasília, uma festa triste?

Há 2 anos que ouvimos falar das festas de 50 anos de Brasília. Lembro-me que na estrada do aeroporto para o centro da cidade e no eixo monumental havia uns painéis gigantescos contando os dias até o aniversário. Quanta especulação houve durante estes 600 e tal dias sobre como seria a festa. Que artistas viriam? Atrações nacionais ou internacionais? Paul McCartney ou Madonna, ou Chico e Caetano?

Confesso que mesmo sendo Brasiliense por adoção, eu também estava expectante em relação aos festejos. Esta cidade é linda e não existe nenhuma como ela. Ela é tão diferente que nem sequer dentro do Brasil se encontra alguma cidade parecida. Talvez por isso mesmo me sinta tão bem aqui. E isso mesmo quando ela tem tão péssima fama no resto do país. E é o que mais me custou neste aniversário.

O escândalo do Governo do Distrito Federal foi tão grande e avassalador, que tirou todo o brilho da festa que se preparava. Visto de longe, fez-me pensar a uma cerimônia fúnebre, triste e sem alma. Houve festa sim, mas não foi nada como o que eu esperava. E é verdade que também a vontade de festejar não estava lá. Naquela terça-feira encontrei uma cidade mio de ressaca, triste e sem vontade. Pode ser só minha impressão.

Achei interessante que o “Brasília, 50 anos” virou logomarca non-grata. Mais ninguém queria ser visto em companhia desse bicho como se da lepra se tratasse. A cidade inteira e seus habitantes foram jogados dentro do mesmo balaio de corrupção, como sempre se fez. A memória é curta, muito curta. A tendência natural é esquecer que se a corrupção toma conta de Brasília – cidade já por si vulnerável aos jogos políticos pela sua função essencial de governo – é porque essas pessoas, pouco importa o partido político, foram eleitas por quem votou. Ou seja, se alguns corruptos acabaram por vir para Brasília foi porque as pessoas os quiseram aqui, as pessoas que votaram acreditaram que o lugar deles era na cidade onde está o centro de decisões do país.

Quem mora aqui não tem que pagar pela péssima escolha da maioria, não acham? Que tal pensar um pouco mais no assunto e, da próxima vez que for votar tentar saber um pouco mais sobre os candidatos, sobre os programas, acompanhar melhor as trajetórias políticas, as alianças necessárias para governar, e sobretudo, se o prometido durante a campanha está a ser cumprido? E assim voltamos à eterna questão do voto consciente. Por mais que o sistema democrático não seja o melhor dos sistemas políticos por causa da sua dependência na maioria, ainda assim é o único (pelo menos até agora) que permite a mudança de governos e direção política sem banho de sangue.

Eu que nasci num país onde quase todas as mudanças de governo são feitas à lei da bala, sei do que falo.

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