terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mulheres em espaço de poder


Há umas semanas atrás estive no 5º encontro regional para o Fortalecimento da Equidade de Gênero, que aconteceu no Teatro da CAIXA, e teve por tema central "Mulheres em espaço de poder". Embora não tenha conseguido ficar o dia inteiro, a manhã do encontro foi rica em discussões. Gostei particularmente do discurso de uma deputada do Rio Grande do Sul, chamada Emília Fernandes (e fiquei com muita pena de não ter podido ouvir a deputada distrital Erika Kokai). Não vou repetir o que foi dito, pois o tema não caberia num único posto. Fica só o registro do quanto admiro a coragem dessas mulheres que abraçam este combate contra a cultura machista vigente. Como elas mesmas dizem, muito já foi conseguido, mas muito mais ainda resta por conseguir. Mas duas coisas muito específicas chamaram-me a atenção nessa manhã:
  • Entre as várias coisas que a Emília Fernandes disse, uma deixou a platéia de boca aberta: até meados dos anos 90 o senado não tinha suficientes banheiros femininos! Assustador não é? Quem pensaria em algo tão inócuo assim? E provavelmente ninguém se queixava porque a representatividade das mulheres era tão baixa...
  • A outra coisa que me chamou a atenção foi o técnico negro que operava o computador onde passavam as apresentações. Durante as varias intervenções sobre o tema, lá estava ele, obediente, mudando as telas sob o comando das palestrantes. E me perguntei até que ponto ele entendia do que se tratava? O que ele pensava sobre o assunto? Será que ele achava isso tudo uma palhaçada? Será que concordava ou discordava? Mais ainda, se concordasse, será que ele entendia o quanto esse combate também é o dele? Ou será que “estava nem aí”, unicamente preocupado com o trabalho minimamente bem feito?
Esses dois pontos têm em comum mostrar o quanto a mudança de cultura é difícil de atingir. Mas é necessária e vital para a construção de sociedades mais justas. E o trabalho que está pela frente parece dantesco, sobretudo se continuarmos a ver que a corrupção e o mundo político andam continuamente de mãos dadas, que forças não tão ocultas assim, antes pelo contrário, continuarão a zelar pela continuidade do status quo. Volto a salientar a importância da educação, e do cidadão comum. Esses dois, juntos poderão levar mais eqüidade para as instituições que nos governam. Ou talvez tenhamos muito que aprender com as tribos das Ilhas Bijagós, parte do país onde nasci, que são o único exemplo conhecido, de uma sociedade 100% matriarcal :)

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