terça-feira, 1 de setembro de 2009

A discriminação da mulher no mundo corporativo

Discriminação (latim discriminatio, -onis, separação),s. f.
  1. Ato ou efeito de discriminar = distinção
  2. Ato de colocar algo ou alguém de parte
  3. Tratamento desigual ou injusto dado a uma pessoa ou grupo, com base em preconceitos de alguma ordem, nomeadamente sexual, religioso, étnico, etc.
Durante muito tempo discordei com as ações chamadas de “discriminação positiva”. É, para mim descriminação é discriminação e não existe nada de positivo nela. Distinguir uma pessoa de outra unicamente por características que em nada dependem dela (para bem e para mal) é, por definição, algo profundamente injusto. Com essa premissa básica, sempre fui contra o sistema de cotas para seja o que for.

Com o passar do tempo talvez venho perdendo a inocência, a sensação que a justiça prevalece, o bem vencerá etc, etc, e surpreendo-me a pensar que infelizmente a justiça e o bem precisam de um empurrão de vez em quando. No mundo do trabalho isso é tão visível quando se trata da mulher. Em muitas empresas encontramos uma maioria de mulheres, sem que no entanto essa representatividade se mantenha nos cargos decisórios. E sabemos todos que não é por incompetência nem por falta de inteligência ou ainda de disponibilidade. O preconceito da sociedade em geral reduz as mulheres à sua capacidade reprodutiva – e mesmo nesse tema ela não tem todo o domínio, já que essa mesma sociedade diz que ela não pode fazer do corpo dela o que bem entender, mas isso é outra história – e transfere para o homem o papel de provedor, sem pedir a opinião de nenhum dos dois. Resultado, quando as mulheres tentam se inserir no mercado do trabalho, depois de devidamente capacitadas, fazem face a todo o tipo de dificuldade:
  • Se ainda não teve filhos é porque vai ter
  • Se já teve filhos é porque vai ter que faltar por causa deles
  • O mercado de trabalho é duro e implacável e a mulher não se enquadra
  • Tem de encarar o assédio e falta de respeito dos homens: a grande maioria de mulheres não se queixa de assédio, mesmo quando esse acontece de fato e é humilhante
  • Se sobe na carreira é porque ou não é feminina - é muito “homem” - ou pior, pagou com favores sexuais
  • Falta-lhe pragmatismo para os negócios
  • Etc, etc (infelizmente poderia continuar horas)..
E isso tudo acontece a aquele que a sociedade politicamente correta chamava até há pouco tempo de sexo fraco. Que coisa absolutamente incongruente! Mas então se é fraco não deveríamos precisamente ajudar? E olhem que eu parto propositadamente dessa premissa profundamente discutível.

Até há bem pouco tempo eu acreditava que, agora que os conceitos de sustentabilidade e de responsabilidade social empresarial estavam pouco a pouco e entrar na estratégias das empresas, a mulher (e o negro, e o índio, e o deficiente, e o homossexual, e o adolescente aprendiz etc...) ia conquistar progressiva e justamente o seu lugar. Pois bem amig@s, sabemos que a realidade ainda assim continua outra. Só foi preciso uma mulher me lembrar um principio básico de física: 2 corpos não podem ocupar o mesmo espaço finito. Portanto, para a mulher ocupar mais espaço na sociedade, nas empresas, o homem tem de estar disposto a abdicar da mesma proporção de espaço. Simples!

E como isso pode acontecer? Aí entra a famigerada discriminação positiva: se existe falta de mulheres em cargos decisórios, então vamos recrutar mulheres!

Vai ser fácil? Não! Mas como Kennedy já dizia aos seus conterrâneos nos anos 60, quando tentava galvanizar os espíritos para conquista do espaço: “escolhemos ir à Lua nesta década, não porque elas são fáceis, mas porque eles são difíceis, porque esse objetivo vai servir para organizar e medir o melhor de nossas energias e capacidades, porque esse é um desafio que estamos dispostos a aceitar, um desafio que não estamos dispostos a adiar e que pretendemos vencer!”

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