terça-feira, 8 de setembro de 2009

Mundo democrático ou mundo inclusivo?

Trabalhar com RSE e sustentabilidade é um permanente exercício funambulesco, onde cada passo que damos põe em causa todo o caminho trilhado e obriga a recalcular a trajetória pela frente.

Eu nunca tive muito conforto com esta coisa chamada democracia. A lei da maioria nunca me pareceu fazer sentido, sobretudo em um mundo onde ainda hoje a maioria não tem acesso às chamadas condições básicas de vida digna – alimentação, saúde e educação. E a democracia envolve que essa maioria desnutrida, doente e deseducada faça escolhas conscientes sobre o seu futuro. Já experimentaram escolher roupa quando estão com muita fome? Ou votar num político quando estão com febre? Ou ainda opinar sobre o um assunto sem informação para fundamentar a escolha? Eu sei que não consigo.


No meu exame de fim do secundário, o tema da dissertação de filosofia era algo como “se assumimos que a sabedoria é um atributo de poucos, porque seguimos a decisão da maioria?”. A essa pergunta eu sempre me vi responder que a democracia com todos os seus defeitos, de todos os sistemas conhecidos de gestão de sociedades civis, é o “menos mau”. Tenho tendência em discordar. A análise fria dos números, desde que a democracia vai avançando no planeta azul mostra que o número de mortos em guerras aumentou, a desigualdade social disparou, os movimentos extremistas (políticos e religiosos) fortaleceram, e nem falo do ritmo de destruição dos recursos naturais. Mas isso é outra historia.

O que eu queria realmente salientar é a violenta mudança de paradigma que a sustentabilidade obriga: de um mundo democrático precisamos pensar em um mundo inclusivo.

A lei da maioria não pode ser bússola se pelo caminho ficarem muitos. O tal Mundo melhor, de certeza que não será melhor se só alguns lá chegarem. Temos que chegar juntos, pobres e ricos, fortes e fracos, mulheres e homens, pretos, brancos, coloridos, heterossexuais e homossexuais, jovens e velhos, deficientes ou não, criacionistas e evolucionista, religiosos e ateus, com deus/allah/Jeová/etc, o que seja (posso continuar horas...). Aqueles que se acham respaldados pela ilusão da maioria democrática precisam rever urgentemente os seus princípios.

A palavra de ordem é inclusão, um conceito absolutamente oposto à exclusão naturalmente gerada pela maioria democrática. Ou todos, ou ninguém...

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