segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Uma história de benefícios colaterais...


Lembram do efeito borboleta? Dizia algo como “o bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre, pode provocar uma tormenta no outro extremo no intervalo de tempo de semanas”.

Tenho uma história para vos contar. Alguns de vocês ouviram na mídia a notícia da entrega de 54 casas para os membros da Reciclo, uma cooperativa de catadores de lixo. As casas, situadas no Riacho Fundo II, têm de cerca de 40 metros quadrados, contam com sala, cozinha, banheiro e dois quartos, além de itens de ecoeficiência, como aquecimento solar alternativo, que, além da proteção ambiental, proporcionará significativa redução no valor da conta de luz dos beneficiados. Estive presente na cerimônia de entrega e imagina a emoção de quem entra em casa própria pela primeira vez, depois de ter vivido em baixo de pontes ou em casebres de lata e papelão.

A história que levou a esse momento é um exemplo de como a ação de uma pessoa importa e pode surtir efeitos. Um colega de trabalho nosso, Lisarb Mello, empregado da FENAE Federação, passeava de bicicleta um dia e passou perto de um agrupamento de famílias, situado num terreno invadido em Taguatinga (DF). Ao observar a situação precária em que viviam - barracos de lona, sem água potável nem luz elétrica, vivendo da venda da coletada de lixo, dividindo o espaço com a rede elétrica da área, que provocava curtos-circuitos e choques constantes – ele decidiu ajudar e trabalhar com eles alguma forma de associativismo para que, juntos, pudessem gerar maiores benefícios para toda a comunidade. A participação dele acabou por contar com o apoio de colegas e da própria empresa, que disponibilizou a sua estrutura para ajudar no que fosse necessário. Pouco a pouco se gerou uma “corrente do bem” que possibilitou não só a formalização da Cooperativa, mas também a “adoção” da mesma pela CAIXA. A Cooperativa passou a fazer a coleta do lixo em algumas unidades da CAIXA e assim acabou por entrar no CAIXA ODM, que possibilitou a posterior entrega das casas acima citadas. O mais extraordinário disso tudo é que a obtenção das casas nunca foi um objetivo das pessoas envolvidas. O objetivo principal sempre foi ajudar a criar uma estrutura que pudesse gerar e gerir renda de forma consistente, para que isso a prazo proporcionasse condições de vida dignas para os cooperados – inclusive moradia. Num mundo que fala muito de dano cloateral, as casa são, claramente um benefício colateral :D

Sempre fico fascinado com a capacidade que o ser humano tem de se engajar com causas. Vindo do universo 100% corporativo, procuro que nem ouro, saber o que provoca nas pessoas essa motivação absurdamente altruísta.

Se alguém souber...

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