segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PIB? Não, já não serve...

Este tema não é muito novo mas vale a pena revisitar. A revista britânica The Economist disse que “sete das dez economias que mais crescerão nos próximos cinco anos ficam na África Subsaariana” (veja mais aqui no ElefanteNews). Detalhe importante: a medição é feita pelo PIB, o famoso Produto Interno Bruto!

Esta noticia me levou de volta a uma conversa que tivemos há uns meses atrás, no curso Gestão estratégica para a Sustentabilidade, do UniEthos. A conversa se portava sobre o quão incoerente era hoje a medição do nível de desenvolvimento de um país pelo seu PIB. Eu lembro-me das minhas primeiras aulas de economia, ainda em Bissau, quando nos explicaram o conceito de PIB. Nós perguntávamos ao professor “mas isso quer dizer que nesta sala houver 2 pessoas ricas e os demais 36 forem pobres, podemos dizer que o PIB da sala é relativamente bom, não é? E o professor, encabulado, respondia que sim. Se funciona assim ao nível de uma sala de aula, imaginem o efeito quando se fala de países inteiros.

A realidade é que o PIB só diz quanta riqueza é gerada no país, ele não diz minimamente como e por quem essa riqueza é consumida. Isso faz com que países com grandes recursos naturais tenham um PIB altíssimo, mesmo quando esses recursos vão para o exterior. A desigualdade social, por exemplo, não aparece minimamente no PIB – minoria riquíssima e maioria paupérrima = PIB “positivo”! A falta de qualidade das estruturas básicas de serviço público – saúde, educação, transportes – também não aparecem no PIB, assim como não aparece a quantidade de pessoas que vivem com menos de 1 USD por dia.

Vejam isto: Angola aparece no primeiro lugar dessa lista. É um país rico de recursos naturais valiosos. Citando a Wikipédia, “estima-se que seu subsolo tenha 35 dos 45 minerais mais importantes do comércio mundial, entre os quais se destacam petróleo, diamante e gás natural. Há também grandes reservas de fosfato, ferro, manganês, cobre, ouro e rochas ornamentais.” Pois eu vivi e trabalhei em Angola durante 6 meses, em 2005 e o que vi foi longe de ser um pais rico. Vi uma elite rica que mora em autênticos castelos e anda em carros caríssimos – mesmo que em estradas esburacadas – enquanto 90% da população se amontoa em favelas densas e insalubres, alimentando-se de farinha e mandioca. Desafio qualquer pessoa a encontrar esse pedaço de informação no PIB.

E chegamos à jugular do problema: o sistema de medição do desenvolvimento dos países e/ou sociedades está incompleto. Mais uma vez ele só toma em conta os aspectos financeiros do desenvolvimento. E mesmo assim ele é parcial, ele vê só “o que interessa”. Não é muito surpreendente já que o mesmo acontece nos relatórios e balanços das empresas. É apenas sintomático de um tipo de olhar sobre o mundo e a humanidade. E não percebo porque não se encontrou outra forma de fazer essa avaliação. É como a discussão sobre a “democracia ser o menos pior dos sistemas político”. Com tantas pessoas trabalhando o assunto, já era tempo de se arranjar uma alternativa, não?

O mais próximo de uma proposta de alternativa é a FIB – Felicidade Interna Bruta – criada em 1971 pelo rei do Butão. É um começo. Pode não ser perfeito, mas pelo menos é uma direção. Depois de décadas de medição com o PIB, poderíamos tentar uns anos do FIB.
Adoraria ver essa lista publicada pelo The Economist, mas sob o prisma do FIB invés do PIB. Só mesmo por curiosidade.
Contem coisas!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

E assim chegou 2011!

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Antes de mais, como já disse em algum lugar, desejo a tod@s um ano excepcional, incomparavelmente melhor do que 2010, e mesmo assim pior que 2012!

Normalmente, o período de fim do ano/inicio do ano seguinte é propicio a promessas, reavivar de esperanças, projetos etc. Por que não fazer isso aqui também? Que desejos e esperanças tenho para 2011?

Começando por este blog, aqui no Mundo CAIXA, dois desejos me vêem à cabeça. Primeiro, gostaria de ter mais participantes ativos, mais comentários, mais conversas, mais propostas de temas, etc. Ainda não encontrei a formula mágica que faz as pessoas dar aquele passinho extra e participar destas conversas. Mas vamos continuar, contem conosco! Também adoraria ter mais blogueiros. Já tinha feito esse convite num post mais antigo. Não tenho dúvida que por aí existem mais pessoas com coisas interessantes para dizer. Este espaço continua aberto para isso. Mais que nunca.

Para o mundo empresarial, espero que 2011 continue a ser um ano de consolidação do tema, cada vez menos como uma estratégia de marketing terceirizada para agencias de publicidade, mas sim e cada vez mais integrada com a estratégia de negócio. Com a crescente democratização do acesso à informação, temos visto cada vez mais casos de sucesso de empresas que tratam o tema com a devida seriedade e profissionalismo, e recolhem os louros do reconhecimento do grande público cada vez mais esclarecido. É um bom caminho. É preciso persistir.

No post anterior eu falei do greenwashing e do not-washing-at-all. Espero que em 2011 se encontre o equilíbrio e que as coisas boas que estão a ser implantadas no Brasil – e lá fora – sejam cada vez mais compartilhadas.

No Grupo PAR, estou ansioso por ver implementadas algumas das propostas que preparamos durante o ano passado. A efetivação do nosso código de ética e de conduta vai ser um marco importante, creio. A avaliação dos indicadores Ethos 2010 também vão ser importantes pois vão poder mostrar a evolução, mesmo que pequena, do Grupo, nos temas tratado. Eu tenho dito muito que 2010 foi um ano de pensar coisas e 2011 será um ano de fazer coisas, de materializar alguns dos sonhos.

Mangas arregaçadas!