quinta-feira, 1 de março de 2012

A religião e o Estado laico

Na festa de final de ano da escola pública do meu filho, no fim do ano passado, fomos surpreendidos, após as atuações dos alunos, com um canto religioso. Foi como se estivéssemos numa igreja. Mas não estávamos. Estávamos numa instituição pública de ensino, supostamente laica.

Pensei que talvez também fossem cantar algo para as outras religiões, o que obviamente não aconteceu. Coincidentemente, estava à minha frente uma mãe muçulmana, tirando fotos dos filhos. Notei o desconforto de alguns pais – minoria à qual eu pertencia – e tentei imaginar como aquela mãe devia se sentir.

Esperei pelo fim da celebração e fui conversar com a diretora da escola, que, curiosamente, era a mestre de cerimônia do evento, inclusive do cântico final. Disse-lhe que tinha me sentido incomodado por duas razões. A primeira era a presença da religião numa escola pública e a segunda era a unilateralidade religiosa no evento.

Para o segundo argumento, ela tentou me explicar que eles tratavam o assunto de forma bastante aberta e que todas as religiões eram bem-vindas na escola, ao que retorqui que não era bem assim, já que a realidade parecia ser outra. Não tínhamos ouvido nenhum canto muçulmano, hindu, espírita, budista, umbandista, judaico etc. Sobre o meu primeiro comentário, nem chegamos a tocar no assunto.

Como isso aconteceu no final do ano, ela me convidou para discutir o assunto este ano, assim que a escola voltasse a funcionar. As aulas recomeçaram esta semana, já cruzei com a diretora na escola e ela ainda não me falou de quando teremos a conversa.

O debate religioso nas sociedades modernas é muito complexo. Os dois “campos” não são minimamente abertos ao diálogo, ao meio termo, ao consenso. A religião, aliás, é um daqueles três temas mais difíceis de serem discutidos, mesmo entre pessoas civilizadas, ao lado da política e do futebol.

Cresci entre duas avós religiosas, uma católica e a outra protestante. Ia à missa aos domingos com meus irmãos – embora eu mesmo não entendesse muito bem porque precisava de um padre para falar com Deus. Fomos batizados e fizemos catequese. Fazia essas coisas porque nossas avós ou uma tia nos levavam à igreja. Os meus pais nunca nos estimularam a sermos católicos ou protestantes. Hoje, algumas das crianças que pertenciam a esse círculo são religiosas, outras não.

Da mesma forma, hoje não incentivo o meu filho de 10 anos a ser católico, protestante, budista, muçulmano, hindu etc. Mas também não o incentivo a ser agnóstico ou ateu. Quando ele pergunta sobre o assunto, tento lhe explicar com a melhor das minhas habilidades o que representa cada um, quais são as origens, deveres, responsabilidades de cada possibilidade. E espero que, com o tempo, ele faça a escolha dele, da mesma forma que fiz a minha.

A fé do meu filho deve ser uma escolha totalmente dele. As instituições do Estado, que servem a todos de forma equitativa e igualitária, não devem interferir nesse processo. Ele mesmo decidirá, em seu tempo, se quer ter ou não uma religião. Tem que ser uma escolha dele, pois quando for questionado – e todos sabemos que o será, seja qual for a sua escolha –, só ele poderá arranjar os argumentos para alicerçar a sua defesa.

2 comentários:

  1. A finalidade do Estado ser laico é o Estado não se meter na Religião,
    porque tudo o que o Estado coloca a sua pata imunda ele corrompe.

    O Estado corrompe até mesmo a Religião, porque todo Estado é Intrinsecamente mau.

    A finalidade do Estado ser laico é o Estado se limitar a cuidar só das coisa pública, isto é, da intra-estrutura comum a todo o povo, como as estradas, as pontes etc. Mas o Estado laico dado a sua natureza corrupta comum a todo Estado não quer cumprir aquilo para o qual ele foi designado. O Estado quer se meter na vida das pessoas e se intrometer violentamente em tudo.

    É importante notar que o Estado não é o povo.

    O Estado se confunde fraudulentamente com o povo pelo mimetismo como se ele fosse o povo.

    Mas, o Estado não é o povo.

    O Estado foi imaginado para servir ao povo, mas ele nunca fez isso e nunca faz isto nem nunca fará, porque essa ideia do Estado é um ideia furada que não funciona.

    O Estado não é o povo.

    O Estado é a massa de pessoas desonestas decidias a escravizar o povo. O Estado é a massa de pessoas malvadas, desonestas, injustas que exploram o povo com Impostos com a finalidade de escravizar o povo com suas leis depravadas, degeneradas, injustas, cruéis, imundas, malditas, desgraçadas.

    O Estado é o inimigo número 1 do povo. Desgraçado!

    Para quem não sabe, desgraça é a plena ausência de Deus. Por isto, essa instituição desgraçada chamada de Estado odeia a Religião. Mas, nós não temos que nos submeter a isso, Por que é que nós temos que andar tristes sob a opressão do inimigo? Ele amou a maldição, então que ela caia sobre ele, quanto a nós que escapemos sãos e salvos. A finalidade do Estado ser laico é o Estado não se meter nem na Religião nem na vida do povo, usurpando o direito do povo, da família e do indivíduo, como ele faz e tem querido fazer.

    ResponderExcluir
  2. Olá desconhecid@!
    Discordo completamente da sua visão do estado, mas isso não é importante aqui. Num ponto concordamos: "Estado não se meter na Religião". E vice versa ;)
    abraços!

    ResponderExcluir