quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Mundo, 10 anos depois do 11 de setembro...

Como o tempo passa! Enquanto a geração dos nossos pais viram em direto o homem pisar na lua, a nossa geração viu a insanidade humana atingir níveis surreais nunca antes atingidos, fazendo homens arquitetar o plano de usar aviões comerciais cheios de gente para perpetuar atentados terroristas. E a insanidade, como outras características típicas do ser humano, é equitativamente compartilhada no mundo.
 
Leiam (e vejam) aqui o relato do evento, como vivido pelo Eduardo Castro, um amigo jornalista que estava em Washington nesse dia. É de arrepiar. Eu, na altura em Lisboa, como muitos acompanhei tudo pela televisão...como se de um filme estranho se tratasse. E os tempos que vieram depois foram ainda mais estranhos...
 
É impossível hoje ter uma visão bipolar do mundo, de bem e mal, preto ou branco. Na década anterior ao onze de setembro o muro de Berlim caiu e ficamos preocupados com o desequilíbrio das forças USA/URSS. Parecendo que não esses dois impediam um ao outro de “carregar no botão”. Sem a URSS, o campo se abriu para a hegemonia estadunidense. Mentira. Na verdade só apareceram mais focos de tensão em países que se tinha tornado peões da guerra fria e que agora se viam órfãos dos patrocinadores. Sim, é uma visão propositalmente simplificada desse momento da história.

O que mudou desde o onze de setembro? Duas guerras no médio oriente encabeçadas pelo EUA, uma delas iniciada com base em mentiras e hoje sem perspectiva de fim, Saddam foi enforcado, atentados aconteceram em Madrid e em Londres, Bin Laden foi executado, Guantanamo foi encerrada (dizem), e o mundo se tornou um lugar mais seguro... supostamente. Digo supostamente porque existem vários tipos de segurança, não é? Enquanto o Bush filho liderava o mundo civilizado contra o eixo do mal, o mercado financeiro aproveitou todo o espaço deixado pela falta de mecanismos de controle (autorregulação do mercado, não é?), a especulação (bolsista e imobiliária) provocou crises catastróficas cujas consequências são hoje pagas pelo Obama (e o resto do mundo, claro). A guerra continua no médio oriente, o conflito entre Israel e Palestina está tão violento que até os EUA pedem a Israel para levantar o pé. Enfim, as coisas não mudaram tanto assim. Perdão, mudaram um pouco sim. Os EUA passaram da posição de país dos sonhos (land of milk and honey) para bullies do mundo!

No outro dia eu comentava precisamente com uma amiga o quanto o mundo admirava os Estados Unidos há umas décadas atrás e como isso mudou hoje. Não que eles tenham deixado de ser admirados e cobiçados. Mas sem dúvida que a magia se esvaneceu. É como quando nos damos conta que um ídolo nosso é, afinal, apenas humano. O mundo lhes pertenceu durante muito tempo. Cinema, música, entretenimento, tecnologia, esportes, economia...todos esses campos eram dominados por eles. Toda a minha base cultural foi construída com base no que lá se produzia. Talvez seja apenas uma impressão. Não sei se foi assim tão forte aqui no Brasil (apenas assumo que tenha sido forte pela teimosia de muit@s em me chamar “Deividi” invés de “David” ou mesmo “Davi”). Nos países onde eu passei a influencia era gigantesca. Em França o ministro da cultura nos anos 80 teve que passar uma lei obrigando as rádios a passar pelo menos 40% de musica francesa. Em Espanha foi um pouco diferente no campo da música produto nacional era muito forte. Mas nos outros domínios, era tudo norte-americano.

Obviamente que não imputo essa mudança de percepção ao 11 de setembro e suas consequências. Mas é verdade que temporalmente o “declínio do império americano” coincide um pouco com essa década. Talvez tenha começado nos anos 90 e se tenha cristalizado no novo milênio. Essa mudança de percepção é tão importante e grandiosa que uma maiores batalhas do governo de Obama foi/é resgatar as relações internacionais e reposicionar o país no seu lugar de líder do novo mundo. Tenho sérias dúvidas quanto a essa possibilidade. Na verdade, quem me lê aqui há algum tempo já deve ter percebido qual é a minha escolha de país para esse papel, não é? Não sei como nem quando, mas é um feeling...

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