segunda-feira, 14 de março de 2011

Carnaval e sustentabilidade?

Numa conversa com um colega de trabalho eu soube que sete em cada dez turistas que estarão presentes no carnaval do Rio serão estrangeiros. Sete em dez! No meio de tantos especialistas que dizem que o Brasil é o país do futuro – não sou especialista, mas concordo com a avaliação – eu acabei por me lembrar que, pelo menos até uns anos atrás, o principal atributo do Brasil para os estrangeiros era o turismo e o carnaval. A sensação que tínhamos é que era um país onde mesmo sem muito dinheiro as pessoas sabiam se divertir. Não sei se imaginam como isso representa o sonho dos sonhos para o resto do mundo. E a imagem que tínhamos de fora era obviamente fortemente tingida pelo carnaval do Rio. Pessoas em trajes fantásticos que dançam e se divertem como ninguém. Na realidade foi preciso eu vir morar aqui para perceber que o carnaval do Rio é apenas um dos vários carnavais típicos do país. E eu nem me lembro como nem porquê ele acabou sendo o mais conhecido lá fora. Provavelmente um efeito dos grandes grupos de mídia oriundos do Rio do século passado.

Mas o dado acima citado me fez pensar em outras coisas relacionadas com o consumismo. É difícil tratar de tudo num único texto de blog que se deve mais curto, mas...

Penso nas viagens, todas as viagens. Pessoas de toda a parte do mundo – inclusive do próprio Brasil - viajarão para aqui, aproveitando todo o tipo de promoções. Os números de vôos duplica, os hotéis e restaurantes ficam cheios. Li algures que o carnaval gera mais transações que o natal. Não sei se é verdade, mas não deixa de ser assustador. Várias questões me vieram à cabeça, a maioria ainda sem respostas:
  • Será que alguma companhia aérea vai compensar nem que seja simbolicamente a poluição gerada?
  • Será que o dinheiro despejado pelos turistas vai alavancar o turismo, o desenvolvimento, a cultura daqueles lugares que mais precisam?
  • Será que esse dinheiro vai entrar mais para a economia formal do que a informal – que não gera renda para o estado depois reinvestir?
  • Será que dentre os diversos tipos de turismo estimulados pelo carnaval ainda vamos ter o turismo sexual, e se sim, quanto será que ele representa?
  • Será que vai acontecer o caos aéreo que acontece todos os anos nesta época?
  • Será que a “cultura brasileira” vendida para os turistas vai ser mesmo produzida aqui? Explico: já encontrei em feiras de artesanato produtos “tipicamente brasileiros” fabricados na Ásia ou na America Central – essencialmente bibelôs, roupas, acessórios, etc...
  • Assumindo que seja genuína, será que esse pedaço de “cultura brasileira” que vai para o estrangeiro retratará fielmente o país e seus costumes?
  • E se sim, será que vai contribuir para diminuir a ignorância e visão distorcidas que as pessoas normalmente têm umas das outras?
Então minha gente, como eu sou mais do tipo tranqüilo, procurei por outras opções para passar o feriado. Conclusão: no meio dessa confusão toda eu me recolhi em casa em Brasília, com CDs, filmes, pipoca, jogos, um violão, uma garrafa de vinho e boa companhia... :)

Espero que o carnaval tenha sido feliz para tod@s! Que não tenham gastado mais do que ganham, que tenham fugido das futilidades, que tenham dançado até cair, que se tenham divertido com responsabilidade,  (arrumaram tudo depois da vossa passagem, jogaram o lixo nas devidas lixeiras e colocaram protetor solar :)! E que não tenham feito nada que eu não fizesse!

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