sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O estado da RSE na America Latina

Acabei de ver no Fórum Empresa – www.empresa.org o resultado da pesquisa feita em 2009 sobre o estado da RSE na America Latina. O estudo resume basicamente o ponto de vista de cerca de 500 executivos de empresas médias e grandes – as grandes (+500 empregados) representam 46% dos participantes - sobre os avanços conseguidos nas áreas mais relevantes da RSE nas suas empresas.

Sem entrar na avaliação de cada item vou só comentar algumas coisas que me pareceram interessantes, para bem e para mal. Segundo os executivos:
  • Ainda tem muito caminho por trilhar nos quesitos de governança corporativa e transparência, embora vejam o futuro com positivismo
  • Interessante ver que as grandes empresas estão mais envolvidas com o tema do que as pequenas e médias. Na maioria delas já existem cargos ou departamentos específicos para tratar o tema
  • A maioria da empresas já faz os seus relatórios de sustentabilidade no formato do GRI
  • Existe uma relação direta entre a existência de áreas dedicadas de RSE e o desenvolvimento e, sobretudo a visibilidade da mesma para dentro e fora da empresa
  • O fato de fazer ou não relatórios de sustentabilidade é mais impactante do que a escolha GRI ou não-GRI
E um clássico para terminar: quanto mais alto for o cargo de quem respondeu ao estudo, mais alta foi a nota adjudicada. Ou seja, ainda acontece que os nossos presidentes/diretores acham que está tudo muito bem nas empresas no que diz respeito à RSE, e os cargos mais operacionais vêm ainda muito caminho pela frente. Isso me faz pensar em 2 coisas. Para que a RSE tenha cada vez mais relevância intrínseca no negócio:
  • Ainda falta alguma coerência entre o discurso e a prática das empresas
  • É preciso ainda arranjar modos – menos interruptos - de envolver mais e melhor as partes interessadas, para que de alguma forma a visão e gestão seja compartilhada.
Eis um belo desafio...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Quem é um consumidor conciente?


Para quem não conhece, o Instituto Akatu (www.akatu.org.br) é uma instituição que foca na mudança de comportamento do consumidor para que se tornem consumidores conscientes. Para isso tentam sensibilizar e mobilizar as pessoas através de dois vetores: comunicação e educação. Aconselho a todos de visitar o site deles pois está repleto de informações e recursos fantásticos para ajudar a transformar pouco a pouco os nossos hábitos de consumo. Como eles, acredito que o consumidor é elo da cadeia em melhor posição para mudar os padrões da sociedade de consumo em que vivemos. Afinal de contas, mesmo sabendo que muitas empresas tentam nos enfiar produtos goela abaixo com grandes esforços de marketing e propaganda, a decisão final de compra/consumo está sempre nas nossas mãos, não é?

Então que tal pararmos com demagogias e tentarmos avaliar friamente se de fato somos consumidores conscientes? Eu fiz estes testes online e me dei conta que por mais que apregoasse o consumo consciente, havia muitas coisas simples que eu não aplicava – por preguiça, por desinteresse, seja qual for a razão.

Então vos convido a fazer dois testes sobre consumo consciente, e a partilhar os resultados aqui. Existem outros testes mas estes parecem-me um bom ponto de partida. O primeiro teste se encontra aqui e o segundo aqui. Para dar o exemplo aqui vão os meus resultados “consumidor iniciante”. Esse grupo representava em 2005 mais de metade da população brasileira (vou tentar encontrar resultados mais atualizados). E é interessante ver que o sul e o centro oeste são as regiões com melhores resultados. Alguém saberia me explicar porquê? No segundo teste marquei 32 pontos, o que corresponde a um nível médio/superior. Os resultados de um e outro teste me pareceu coerente com o meu papel de consumidor.

Façam o teste e partilhem aqui. Vamos ver se podemos gerar uma discussão interessante em torno do tema. Abraços!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Haiti, ou o prólogo de um planeta que não nos quer mais?


Acabaram as férias. E a inocencia. E de que forma!

Mais de 50 mil mortos de uma só vez! É um numero tão grande que é difícil vislumbrar o que isso representa, não é? No maremoto asiático de há 3 anos atrás forma outros 200 mil. Assustador.

E, por mais que o mundo inteiro se mobilize para ajudar o país assolado pela catástrofe fica sempre um desesperado sentimento de impotência perante os fatos: milhares de mortos, milhares de órfãos, infra-estrutura destruída, estado de sítio total do país. E, como sempre acontece nessa situação, surge o pior e o melhor do ser humano.
  • O pior se vê nos problemas de segurança, a pilhagem, assassinatos e linchamentos (como se não tivesse havido suficientes vidas perdidas), opressão, gangues de aproveitadores, etc.
  • O melhor se vê na organização, no espírito de entre-ajuda que vem de cantos antes insuspeitados, no altruísmo, no trabalho voluntário e desinteressado, tudo com um único objetivo de ajudar os sobreviventes a ver uma razão para sobreviver mais um dia. Só mais um dia.
Esta catástrofe – e outras similares, causadas pela força da natureza – tem sempre tendência a me fazer acreditar que pouco a pouco, se não tomarmos cuidado, o planeta em que vivemos expulsará o ser humano da sua superfície. Não vou até ao extremo de acreditar que a terra tem uma “alma”, a tal Gaia, que de tanto agredida agora começa a responder com a mesma moeda, mas é difícil não ver que estes fenômenos repetem-se cada vez mais, cada vez com mais força e com ciclos cada vez mais curtos. Se o terremoto do Haiti é a resposta do planeta ao fracasso de Copenhagen? Acredito que não. Mas também acredito que se não mudarmos o nosso padrão de vida em sociedade nas próximas décadas – e decorrentes padrões de consumo, de relacionamento, de coabitação em geral – não ficaremos aqui muito mais tempo. Não digo que a natureza acabará conosco como os deuses onipotentes e vingativos retratados pela maioria das religiões, mas a coisa pode ficar feia por alguns milênios até o sol voltar a brilhar de novo...