No domingo passado, dia da eleição da Dilma, não pude deixar de pensar que, apesar de tudo, vivo uma época excepcional. Durante a minha vida aconteceram alguns momentos históricos, momentos marcantes, alguns bons, outros menos. É o que desejo a qualquer pessoa, como diz o ditado chinês, “que vivam tempos interessantes” ou “que vivam em tempos interessantes”.
Não dá para listar todos, mas assim de memória, eu vi o fim da guerra colonial portuguesa e a libertação dos PALOPs (países africanos de língua oficial portuguesa) entre 72 e 75, estava vivo quando John Lennon foi assassinado, vi o desmantelamento da URSS, assisti em direto na televisão à queda do muro de Berlim e consecutivo desmantelamento do bloco de leste – lembro-me do julgamento e execução do ditador romeno Ceausescu, o aparecimento do computador, do BBS e depois da internet, vivi os momentos de angústia do atentado do 11 de setembro, a morte de Michael Jackson, o acidente que custou a vida a Ayrton Senna, o fim da guerra fria, etc.
Num passado mais recente eu vejo dois grandes momentos, daqueles que de fato talvez mostrem o virar de uma civilização. Não faço mínima idéia de vai ser para melhor – embora tenha obviamente essa esperança – ou para pior, mas que são momentos simbólicos, são sim: a eleição do primeiro negro à presidência dos Estados Unidos e a eleição da primeira mulher à presidência do Brasil.
Tenho a esperança que daqui a uns anos tenho a certeza que olharemos para trás e veremos que tivemos a honra de testemunhar a história enquanto esta acontecia, mais uma vez. Independentemente da sua posição política, é difícil não reconhecer o passo gigantesco que o povo brasileiro deu ao eleger uma mulher para o seu cargo soberano mais alto. Eu já falei aqui algumas vezes da masculinidade do universo corporativo e político. Muitos se escondem por trás da falácia do auto-regulamento do mercado – seja ele qual for, que o mercado é justo etc. Na realidade notamos que o mercado nunca é livre – existem influenciadores, lobbies etc, e ainda por cima ele é racista e misógina. Interessante ver que, salvo erro, mesmo na eleição que apresentou mais mulheres entre os candidatos com reais chances de ganhar (duas mulheres e um homem), nenhum partido respeitou a cota de pelo menos 30% de mulheres que tinha que apresentar nas suas chapas. Surreal, não? Por isso considero a eleição da Dilma um momento histórico. Uma mulher no poder: já era mais que tempo!
E desejo que a presidenta Dilma também continue a viver tempos interessantes, e que ela contribua para que a população possa também viver tempos cada vez mais interessantes. Espero ela governe com justiça e transparência, que tenha estratégias consistentes de desenvolvimento sustentável que beneficiem a maioria dos brasileiros, independentemente da sua raça, cor ou credo, que a sua presidência seja inclusiva, com uma equipe coesa e impermeável à corrupção, que o seu governo recupere a diretriz do estado laico para todos ao mesmo tempo que defende o direito e liberdade de cada um praticar a sua religião ou crença – qualquer religião ou crença. E o mais importante, em minha opinião, que faça da melhoria da educação pública o foco principal do seu mandato, pois só assim as pessoas vão crescer, ter melhores empregos, se tornarem consumidores e eleitores conscientes.
Mas também espero que a oposição esqueça depressa a mágoa da derrota e volte a fazer o papel que é esperado dela, numa democracia consolidada como a do Brasil: o de oferecer o contraponto e a crítica construtiva ao governo, o de fiscalizar a implementação das promessas, e de apresentar projetos que visem sempre a melhoria social e econômica da população. Afinal de contas esse é um objetivo comum a todas as chapas políticas, certo?
Em última análise, tudo isto só tornará o Brasil na potência e liderança mundial que merece ser.
É muita esperança? Nem por isso. O meu lema sempre foi ser sonhador...
E desejo que a presidenta Dilma também continue a viver tempos interessantes, e que ela contribua para que a população possa também viver tempos cada vez mais interessantes. Espero ela governe com justiça e transparência, que tenha estratégias consistentes de desenvolvimento sustentável que beneficiem a maioria dos brasileiros, independentemente da sua raça, cor ou credo, que a sua presidência seja inclusiva, com uma equipe coesa e impermeável à corrupção, que o seu governo recupere a diretriz do estado laico para todos ao mesmo tempo que defende o direito e liberdade de cada um praticar a sua religião ou crença – qualquer religião ou crença. E o mais importante, em minha opinião, que faça da melhoria da educação pública o foco principal do seu mandato, pois só assim as pessoas vão crescer, ter melhores empregos, se tornarem consumidores e eleitores conscientes.
Mas também espero que a oposição esqueça depressa a mágoa da derrota e volte a fazer o papel que é esperado dela, numa democracia consolidada como a do Brasil: o de oferecer o contraponto e a crítica construtiva ao governo, o de fiscalizar a implementação das promessas, e de apresentar projetos que visem sempre a melhoria social e econômica da população. Afinal de contas esse é um objetivo comum a todas as chapas políticas, certo?
Em última análise, tudo isto só tornará o Brasil na potência e liderança mundial que merece ser.
É muita esperança? Nem por isso. O meu lema sempre foi ser sonhador...
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