terça-feira, 19 de outubro de 2010

Publicidade comparativa em campanhas políticas

Tenho ficado abismado pelos diversos spots publicitários que tenho ouvido no rádio, dos dois candidatos à presidência. Que a publicidade comparativa (baixem até a parte que interessa) também é usada no universo político, eu não tinha dúvida. O meu problema aqui é como ela é usada. Esse formato de publicidade nasceu nos anos 60 e, teoricamente tinha tudo para beneficiar o consumidor. As marcas iam apresentar em spots publicitários comparativos idôneos – era essa a premissa – entre os seus produtos e os produtos da concorrência. Ou seja, o consumidor ia poder calmamente escolher o que é melhor para ele, no conforto do seu lar, baseando-se em dados confiáveis e isentos. Na prática abriu-se simplesmente a porta para o que hoje é transparentemente chamado de Brand Smackdown ou destruição de marca. As marcas gastam rios de dinheiro para falar mal da concorrência. E esse modelo é aplicado no mundo político também. E é assustador.

Todos os dias de manhã, acordo com esses anúncios publicitários no rádio, melodias populares e memoráveis em tom de samba ou sertanejo, que me “ensinam” como o “Serra não é do bem” ou que a “Dilma promete e não cumpre”. Não tem um partido para salvar o outro. O nível é baixo e o jogo é sujo dos dois lados. É triste e assustador. Além de, na minha humilde opinião, ser uma estratégia profundamente ridícula.

Chamem-me de inocente, de cândido, mas eu penso que se eu fosse candidato á presidência de uma república, seja ela qual fosse, eu não ia gastar dinheiro para falar mal do adversário. Iria gastar dinheiro para mostrar o bem que fiz e falar do bem que faria caso fosse eleito. Não iria gastar verbas para falar do meu concorrente. E tentaria ser justo, reconhecendo o que o adversário fez bem e até aprendendo com os erros dele para fazer melhor. Ninguém erra tudo, isso não é possível. Esse é o tipo de candidato em que eu votaria. Esse é o tipo de sociedade em que eu gostaria de viver. Essa agressão gratuita entre pessoas que supostamente vão dirigir o país durante, pelo menos quatro anos, é algo de execrável de se ver. Como dizia Kurt Vonnegut, a agressão é o ultimo reduto da incompetência. Esse é o exemplo que eles dão, essa é a mensagem que eles passam: é correto falar mal dos outros, é justo atacar o adversário de forma baixa. Mais profundo ainda: vou ficar feliz por ser eleit@ graças aos defeitos do meu oponente do que pelas minhas qualidades de liderança e competência em gestão pública.

Quanto precisamos crescer e mudar ainda, não é? Pelo menos dos dois lados da cerca, os candidatos prometem investir na educação. Sem a educação das massas populares, isto vai continuar tudo na mesma...

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