quarta-feira, 17 de março de 2010

E o voto consciente?

Como venho de outro país, é para mim interessante observar o Brasil e o seu voto obrigatório, uma coisa que muitos em Portugal acham ser a solução para o engajamento do povo. Aqui, isso já não é visto de tão bons olhos, pelo que percebi, pois dá azo a esquemas de “compra/venda” de votos etc. 

Uma coisa eu sempre achei, quem não vota não deveria ter direito de se queixar, de manifestar indignação etc. Apesar de tudo o voto ainda é o único instrumento que o cidadão tem para manifestar a sua opinião, por mais que como já falei em outro artigo, a gestão pela maioria não seja a melhor. Mas é sempre milhares de vezes melhor que a autocracia, certo? Então quem não usa do seu poder discricionário de fazer valer a opinião quando lhe é dado o espaço, de alguma forma coloca o seu voto no cesto da maioria. Na verdade o voto nulo ou o voto em branco têm o mesmo efeito.

O que é o voto consciente, então?
  • É ter a noção da importância do voto, da sua voz, no exercício da cidadania.
  • É se interessar pelos fatos da política, pelo que realmente é feito pelos representantes eleitos, sem se deixar ludibriar por demagogia ou pela máquina de marketing dos políticos.
  • É cobrar dos políticos a transparência na gestão e no exercício dos seus cargos.
  • É ser participativo na cobrança da materialização das promessas feitas durante os períodos de campanha.
É isso e muito mais, mas de uma forma simplificada podemos resumir o voto consciente em “votar, com conhecimento de causa”.

E isso tem sido muito difícil, pois no mundo inteiro a classe política sofre de um descrédito gigantesco, muito devido aos podres e jogos de poder que ela mesma engendrou. E, quantas vezes eu ouvi dizer que no Brasil é ainda pior que no resto do mundo? Acreditem que não é. Vivi em França, Portugal, Angola e Espanha, e se tivesse que reduzir as minhas descobertas a uma só, seria precisamente que a corrupção é a mesma em todos os lugares, só que com cara e maquiagens diferentes.

E isso é terrível, pois quanto menos o povo acredita no político, mais distante fica dele, e mais espaço deixa precisamente para que a corrupção entre e prospere, incólume, livre de qual trava estrutural.

A única solução é a educação de quem vota, informação para todos, e instalação de ferramentas que permitam monitorar toda a máquina política. Enquanto isso não acontece, só resta cada um tomar a sua responsabilidade com a seriedade que ela exige.

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