segunda-feira, 8 de março de 2010

As incongruências do dia da mulher no sec. XXI

Todos os anos quando chega este dia, ao dar parabéns a algumas das mulheres que me rodeiam, deparo-me com a dupla incongruência desta data. Primeiro, por ser apenas um dia por ano: isso me lembra os outros dias especiais do calendário, dia da gentileza, dia da cortesia, dia internacional do civismo, dia do respeito etc. Não é acham ridículo isso? Só um dia por ano para ter atitudes básicas de civismo entre mulheres e homens? Segundo, por não existir o dia do homem. Por mais que algumas já tenham a resposta pronta “mas TODOS os outros dias são o dia do homem nesta sociedade machista e misógina!”, não deixa de ser mais uma demonstração de iniqüidade. Todos os dias do calendário deveriam ser os dias dos seres humanos! Só isso.

O mais fascinante é que quase ninguém se lembra porque o dia 8 de março é o dia da mulher, qual o motivo histórico para tal. Quem estiver interessado em saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher. Essa falta de contextualização histórica provoca, em minha opinião, algumas distorções absurdas. O dia da mulher virou o dia em que se faz manicure, salão, massagem etc. De todas as manifestações que tenho visto – inclusive na empresa onde eu trabalho, a conotação política e social do dia é completamente esquecida em favor de manifestações mais parecidas com o “natal das mulheres” ou com o dia dos namorados. Isso é péssimo, pois não contribui para a tão famosa mudança cultura que tanto se espera. Pelo contrario, perpetua-se o modelo vigente – machista – reforçando o a idéia que a mulher só pensa nas unhas, pele, cabelo e outros atributos supérfluos quando comparados com as conquistas passadas e futuras.

Recapitulando: o dia da mulher é um dia para celebrar as conquistas, mas também e, sobretudo, é um dia para refletir no caminho que ainda resta a percorrer até que se obtenha um semblante de eqüidade no tratamento dos gêneros na sociedade. Não tenho nada contra oferecer manicure, pedicura, massagem etc (na verdade, como para os outros dias nomeado acima, só fico com pena que seja apenas 1 dia no ano). O que me parece ser importante é que se aproveitem dessas manifestações para provocar mais avanços para a causa.

PS: hoje, precisamente hoje, vi na TV que o jogador Adriano bateu na mulher, e outro colega de time dele defendeu-o com um nível de ignorância que até dói: "quem de vocês jornalistas nunca saiu na mão com a esposa?". Eu sei que futebol nunca foi sinal de inteligência, mas espero que este tipo de declarações sejam em breve consideradas crime, como as que incitam ao ódio racial...

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