quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A geração futura e o mundo

Há dias recebi uma provocação de um amigo sob o formato da seguinte frase: todo mundo fala de deixar o mundo melhor para os nossos filhos, mas ninguém fala de deixar os nossos filhos melhores para o mundo.

Faz sentido não? Num mundo onde o consumismo desenfreado é uma das raras referencias uniformizadas que as crianças têm, como convencê-las a pensar no amanhã? Ao mesmo tempo que @s baixinh@s são provocadores da mudança em nós – que pai ainda não foi acoimado pel@ filho@ por deixar a água correr ao lavar os dentes, por fumar, por dizer algum palavrão, etc? – também existe o reverso da moeda. Não é raro nos nossos dias, em que nós, pais, passamos imenso tempo longe de casa por causa da necessidade de trabalhar para garantir a subsistência, que tentemos compensar com presentes e laissez-faire. Na maior parte das vezes o que obtemos são crianças supermimadas, sem noção de limites, com poucas referências de educação e respeito, tanto pelos mais velhos como pelas instituições, pela diferença, pelo “outro” em geral. Quantas vezes ouvimos falar aqui em Brasília, que as famosas gangs de rua, contrariamente ao que se poderia pensar, não são compostas por adolescentes oriundos de comunidades carentes encurraladas fora da cidade, mas sim de filhos de boas famílias do Plano Piloto? E infelizmente o fenômeno não é exclusividade de Brasília. Ele se repete em outras grandes cidades do Brasil e do Mundo.

Então percebemos a função importante da educação. E não é unicamente da educação no sentido escola/universidade/etc. Mais uma vez – como tudo o que tem a ver com sustentabilidade – trata-se de ser abrangente, inclusivo e coerente.


De nada serve a criança ouvir falar de respeito na escola, se em casa o padrão é a falta dele. De nada serve a criança ouvir falar de tolerância à diferença em casa se na escola a uniformidade é cultivada. De nada vai servir a criança ouvir falar na escola de cuidar do planeta se em casa reina o desconhecimento total dos bem-feitos da reciclagem. De nada serve falar em casa de liberdade de culto (ou de não culto) se na escola se ensinar a religião católica. De nada serve a criança ouvir falar na escola de equidade entre mulher e homem se em casa a mãe está sempre na cozinha e o pai frente à televisão. E por fim, de nada serve falar de laicidade do estado se depois aparece uma lei que obriga entre outros à inclusão do ensino religioso nas escolas publicas.

Para contribuir para que a próxima geração trate bem as pessoas e o planeta temos que dar o exemplo. É preciso então abrangência, inclusão e coerência. Abrangência no sentido de aplicar a mudança de paradigma a todas as áreas da nossa vida, inclusão para pensar em todos ao mesmo tempo (vejam o post anterior sobre isso), e coerência para que de fato as fundações sejam sólidas e sem buracos de raciocínio ;)

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