sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A ética de Kant aplicada no dia-a-dia...


Há uns anos atrás saiu um filme que se chamava “Pay it forward” e que foi traduzido no Brasil por “A Corrente do Bem”, acho. O conceito/mensagem do filme era simples e facilmente replicável: o personagem principal do filme, uma criança, preconizava que para que o mundo ficasse melhor bastava que a cada boa ação que nós recebêssemos de uma pessoa desconhecida, pagássemos com 3 boas ações para 3 pessoas desconhecidas distintas. O fator “desconhecido” é importante pois partimos da premissa que para os conhecidos já fazemos boas ações. Com isso seria criada uma onda exponencial de sentimentos positivos que a prazo tomaria conta do mundo e faria do planeta azul (o 3º shopping a partir do sol) um lugar paradisíaco para viver. Conceito fantástico, mas de difícil aplicabilidade (ou não, talvez eu seja pessimista) por incluir o “outro” na equação. Ainda por cima um “outro” que desconhecemos (que redundante...). E sabemos o quanto é difícil lidar com os outros, não é? Sarte já dizia que “o inferno são os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência.

No curso de gestão estratégica para a sustentabilidade ensinaram-me uma formula mais fácil de aplicar, com menos espaço para os tais “outros”. Baseia-se numa variação da definição de Ética segundo Kant: aja como se todos pudessem fazer o mesmo, como se a nossa ação pudesse se tornar lei universal. Tenho-me feito essa pergunta algumas vezes antes de agir, de falar, de tomar uma decisão etc. É um exercício relativamente fácil de fazer, se não formos extremistas na sua aplicação. E é fácil de explicar pois até o meu filho de 8 anos percebeu o conceito. Basta nos perguntarmos sempre que possível, antes de fazer o que seja “e se todos fizessem igual, como ficaria [preencher com o que quiserem: o mundo, a rua, a sociedade, a minha casa, a empresa, o banheiro, etc?

Hoje, ao voltar do almoço, vi um senhor fazer uma retorno entre dois semáforos de uma quadra comercial. E pensei logo nessa frase. E tenho a certeza que por mais “esperto” que ele fosse, se ele tivesse pensado nessa frase antes de tomar a decisão, teria continuado o caminho até o retorno que estava 30 metros acima...

...ou sou inocente demais?

2 comentários:

  1. A maior dificuldade é que o sujeito do retorno no samáforo poderia responder "se todos fizessem o retorno, naquele contexto, usando o BOM SENSO, não haveria problema...". Aí, além do "outro" na equação, teríamos outra variável incrivelmente complexa: o "bom senso", que em tese, é uma das coisas mais abundantes do mundo! Todos acham que estão até as tampas dele...

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  2. Por isso não incluí o conceito de "bom senso" na frase, por assumir precisamente que disso o mundo está cheio.

    É melhor ficarmos só pela versão curta, mesmo, não é? "E se todos fizerem igual, como fica?"

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